Num texto literariamente forte onde tudo é conciso e nada é supérfluo, Gonçalo Pinto Azevedo constrói a visão e o pensamento peculiar de um jovem matemático que, prodigiosamente, estuda algoritmos para prever intenções de voto. Henrique, mesmo tendo decidido pela completa mudez, visita e interage com a realidade e, à sua maneira… sabe de todos . A fechada história de um personagem singular abre, inesperadamente, uma janela para o coletivo da “matemática política e social”, para a paradoxal situação em que as pessoas não acreditando em nada são capazes de acreditar em qualquer coisa. É neste quadro que Henrique deixa uma mensagem urgente para a democracia.
Dispenso versões curtas da minha vida. Não me resumo. Conhecerem-me é demorarem-se nos meus dias e nas minhas noites. Todos os passos são importantes para conhecer os meus pés. Tal como todas as orações são indispensáveis para compreender a minha fé. Quem me amou, quem me odiou, quem me desprezou. Todos são-me. Todos viveram-me. E tudo isso é a minha massa autobiográfica. O meu nome é Gonçalo. Nasci em 1996. Sou natural de Lisboa nos papéis, mas de coração sou natural de Alenquer. Sou terapeuta de crianças e adolescentes. O resto fica por dizer.