Nos anos 60, época de despotismo, as dificuldades para as gentes de menores recursos, imperavam em todo o Portugal, o Alentejo não foi excepção, pelo contrário! A terra era trabalhada manualmente e o povo explorado, dominava o latifúndio a que só um tinha acesso; o senhor, o patrão. As necessidades básicas eram desconhecidas, as gentes viviam com o pouco que tinham. A censura era proibida e punida, açoites ou até prisão, se a faziam reuniam-se à porta fechada e onde os homens apenas participavam. As crianças ocupavam-se em brincadeiras criadas pela sua imaginação, brincavam na rua depois das obrigações e dos afazeres escolares. Não se importavam com o que tinham e o que não tinham, se não possuíam ténis faziam rolar a bola de trapos com pés descalços, se não usufruíam de bonecas, qualquer coisa servia para fantasiar, satisfazia-as o facto de ter um trapo para a aconchegar, se queriam tomar banho tinham de acarretar a água e assim se aprendia o valor de cada bem. Eu fui mais uma dessas crianças inocentes, mas obedientes e respeitadores valores que eram incutidos, embora muitas vezes pela força. Embora todas as restrições e limitações impostas pela sociedade, foi uma infância com muita, mas muita gargalhada e hoje passados os anos, penso que foi mesmo felicidade.
Nasceu num dia de verão de 1959, filha mais nova de um casal de trabalhadores rurais numa pequena aldeia cultivada na planície alentejana. O pai emigrou para França com a ideia de dar um futuro melhor às filhas, anos mais tarde muda-se para a Alemanha onde se juntaria posteriormente a mãe. Fica a viver com os avos maternos durante algum tempo e mais tarde junta-se à irmã que estudava em Lisboa, ficando a viver nos arredores da capital. Cursa secretariado em escolas comerciais em várias cidades do sul de Portugal. E mais tarde licencia-se em arqueologia. Casa em 1981. Dessa união nascem duas filhas. Dedica-se e trabalha na área da cultura e património.